quarta-feira, 28 de março de 2007

Amor nos tempos de cólera...


"A persistência da sua lembrança aumentava-lhe a raiva. Quando acordou a pensar nele, no dia seguinte ao enterro, conseguiu tirá-lo da memória com um simples gesto de vontade. Mas a raiva voltava sempre e logo se deu conta de que o desejo de esquecê-lo era o estímulo mais forte para se lembrar dele. Então atreveu-se a evocar, pela primeira vez, vencida pela nostalgia, os tempos ilusórios daquele amor irreal. Tentava recordar com precisão como era o parque de então, as amendoeiras ao vento, o banco donde ele a amava, porque nada disso existia já como naquele tempo (...) Não lhe era fácil imaginar Florentino Ariza como era então, e menos ainda conceber que aquele rapaz taciturno, com um ar tão desamparado à chuva, fosse aquela mesma ruína carunchosa que lhe tinha aparecido na frente sem nenhuma consideração pelo seu estado, sem o menor respeito pela sua dor e que lhe havia queimado a alma com uma injúria de chamas vivas que continuava a estorvar-lhe a respiração."


in "O Amor nos Tempos de Cólera", de Gabriel García Márquez



A quem não leu recomendo vivamente. A quem já leu porque não reler...

domingo, 25 de março de 2007

Domingo à noite


Dei-me conta (só hoje??) de um paradoxo existente na nossa sociedade actual...

Cada vez estamos mais centrados em nós próprios. Vivemos para nós. O isolamento e até o egoísmo estão num crescente. No entanto nunca foi tão enaltecido o facto de só sermos no seio das relações humanas. Vivemos em constante relação com o(s) outro(s), existimos como seres individuais e únicos, porque há um outro do qual nos destacamos e reconhecemos como diferente de nós próprios. Parece que vivemos cada vez mais sozinhos, mas no meio de uma multidão (Existirá coisa pior?)... Poderia ficar a escrever infinitamente, mas infelizmente falta-me o tempo necessário. Mas não queria deixar de frisar, que sinto que somos "puxados" por forças opostas, forças essas que ao serem iguais se anulam (segundo as leis da física) e ficamos paralizados perante o desenrolar da nossa própria vida...

Vim complicar algo que por si só já é complicado, mas quando chego domingo à noite, e me vejo embrenhada no meio de trabalho que me domina por completo, por vezes surgem ideias, pensamentos, dúvidas, que serão mais facilmente esclarecidas com ajuda do(s) Outro (s)!

terça-feira, 20 de março de 2007

Primavera... quase aí


Primavera, de Sandro Botticelli

domingo, 18 de março de 2007

"italiano para principiantes"


"O Dogma 95 é um movimento cinematográfico internacional lançado a partir de um manifesto publicado em 13 de março de 1995 em Copenhaga na Dinamarca. O Manifesto Dogma 95 foi criado pelos cineastas dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg para a criação de um cinema mais realista e menos comercial. Posteriormente juntaram-se a eles dois conterrâneos, os também cineastas Søren Kragh-Jacobsen e Kristian Levring. Segundo os cineastas, trata-se de um acto de resgate do cinema feito antes da exploração industrial (segundo o modelo de Hollywood). O manifesto tem cunho técnico — apresenta uma série de restrições quanto ao uso de técnicas e tecnologias nos filmes — e ético — com regras quanto ao conteúdo dos filmes e seus directores."


No âmbito deste movimento cinematográfico encontramos o filme "italiano para principiantes" de Lone Scherfig, filme que ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim em 2001. Na sinopse do mesmo lê-se: Andreas, um jovem padre viúvo, chega aos subúrbios de Copenhaga para substituir o pároco local. JØrgen Mortensen é um recepcionista de hotel com problemas amorosos e frequenta o curso de italiano. Olympia é uma rapariga charmosa, apesar de muito desajeitada, que sonha em inscrever-se no curso de italiano. Apaixona-se por Andreas e no funeral da mãe descobre que é irmã de Karen, uma cabeleireira que se apaixona por Finn, empregado de mesa mas, quando é despedido, torna-se professor no curso de italiano. Giulia é uma italiana, colega de Finn no restaurante, e tem uma paixoneta por JØrgen Mortensen. O curso de italiano vai funcionar para estas personagens frágeis e solitárias como uma espécie de catalisador que as conduzirá ao encontro do amor, vivido à típica maneira italiana.


Este é um filme, aparentemente simples, sobre gente comum. À medida que a história vai avançando podemos observar (e quase viver) as relações humanas que se vão desenrolando de uma forma tão genuína que desejamos para todas elas um happy end, daquele género, que em algum momento (ou em muitos...) da nossa vida, aspiramos para nós próprios. Uma delícia de filme que recomendo a quem ainda não viu. Daqueles que nos deixa com um sorriso e a pensar que a vida até poderia ser assim... Para vos aguçar (ainda mais espero) a curiosidade, deixo-vos uma deixa do filme:


"Quando alguém morre, quanto tempo passa até nos podermos apaixonar?"

quinta-feira, 15 de março de 2007

"Dá-me a mão"

Ontem estenderam-me a mão e disseram-me o seguinte: "dá-me a mão". E eu dei. Em seguida perguntaram-me: "porque deste a mão?". E eu respondi: "porque me pediste". Ao que me responderam: "podias não ter dado, foste tu que tomaste a iniciativa de me dar a mão".... O que tem este episódio de especial? Nada em particular, a não ser ter-me feito pensar no porquê, ou melhor em muitos porquês...
Porquê é que fazemos o que fazemos na nossa vida? Bem, podemos pensar que existem pessoas que simplesmente não conseguem dizer que não a nada nem a ninguém, mas e todas as outras que não têm "fobia" à palavra não? Porque existem certas acções que nos recusamos a ter? O que nos leva a ter outras?
Obviamente que não espero nenhuma resposta única, ou pragmática quanto baste, mas a verdade é que interiorizei estas perguntas que me surgiram, e sinto-me na obrigação de encontrar uma (ou várias) resposta... Procurar cá dentro o que nos leva a agir fora... Conhecermo-nos melhor, e consequentemente sermos mais responsáveis por nós próprios... Hum... não se afigura tarefa fácil. Alguma sugestão?




sexta-feira, 9 de março de 2007

O que vos faz rir?


“Rir é o melhor remédio”, já o dizia a sabedoria popular, mas, desta feita, já não está sozinha na defesa deste princípio (chamemos-lhe assim). Diversos estudos científicos ligados à saúde concluíram que o estado do humor influencia o estado da saúde, bem como a evolução e prognóstico de muitas doenças. Especialistas defendem que pessoas bem-humoradas, ou que tenham uma atitude optimista e pró activa, se defendem melhor das agressividades da vida – físicas e psicológicas.

Já todos experimentámos as virtudes do riso, de uma boa gargalhada, ou de um simples sorriso. O que talvez não saibamos é que “uma gargalhada vigorosa activa a musculatura facial, dos braços e do tórax, aumenta a quantidade de oxigénio e de sangue que irriga os tecidos e órgãos do nosso corpo. O humor – o bom humor – interfere de facto sobre a bioquímica do nosso organismo: é que quando se dá uma reacção positiva, entram em campo as endorfinas, substâncias que actuam nos terminais nervosos das células, responsáveis pela sensação relaxante que sentimos após a tal gargalhada.”

E pensar que hoje em dia se formos na rua, e alguém que nos é desconhecido nos sorrir achamos um fenómeno (para além de raro) estranho. O irónico no meio de tudo isto, é que nada é mais natural que um sorriso. Longe de ser um gesto social ditado pelas normas da educação, o sorriso é uma mímica que surge espontaneamente quando se vivência uma determinada emoção. Não sejamos ingénuos, obviamente que existem muitos sorrisos que não são genuínos, mas que para o caso não estão contemplados neste post.

Li algures que a Risoterapia, ou Terapia pelo Riso nasceu na Índia com Madan Kataria, tendo surgido enquanto método terapêutico na década de 60. Em Portugal já existe quem se dedique à prática deste tipo de terapia. Se quiserem mais informações dêem um saltinho a dois sites:

www.sorrir.com
www.clubesdoriso.com

E como tristezas não pagam dividas, e um sorriso pode fazer toda a diferença num momento critico, vos deixo uma pergunta:

O que vos faz rir?

domingo, 4 de março de 2007

Eclipse


Chama-se eclipse ao encobrimento total ou parcial da luminosidade ou da visibilidade de um astro pela interposição de outro astro.
O eclipse lunar é um fenómeno que ocorre com pouca frequência, enquanto que o eclipse solar é bastante mais raro. Ao ler a definição de eclipse, uma ideia surgiu...
Não será bastante mais frequente o eclipse, no sentido do encobrimento total ou parcial da “luminosidade” ou da “visibilidade”, que ocorre nas vidas de tanta e tanta gente?
Não é à toa que existe a expressão popular de “luz ao fundo do túnel”…
Em determinados momentos, existindo ou não razões aparentes para tal, surge uma dificuldade em percepcionar a realidade tal como ela é. Dificuldade essa que traz sofrimento. É a velha metáfora do “copo meio cheio ou meio vazio”. O que leva a que alguns o vejam de uma forma, e outros de outra? Sabendo logo à partida, que quem vê o copo meio vazio puxa para si próprio mais e mais dificuldades, que poderiam até nem o ser. Será apenas uma questão de perspectiva? E o que nos leva a ter perspectivas tão díspares? Porquê é que uns rapidamente descobrem a luz, e outros ficam encobertos na escuridão?


Ps: Viram o eclipse esta noite?

VI Encontro de Psicologia Clínica

Para quem estiver interessado aqui fica o aviso:

Nos dias 16 e 17 de Março, na Universidade Lusíada vai realizar-se o VI Encontro de Psicologia Clínica dedicado ao tema Psicologia e Cinema!
No link abaixo indicado podem saber mais informações.

http://www.lis.ulusiada.pt/eventos/encontros/psicologia_saude/default.htm

quinta-feira, 1 de março de 2007

O (re)iniciar

O mês de março é o terceiro no calendário gregoriano, mas, até à implantação do calendário juliano em 45 aC., no âmbito das reformas administrativas de Júlio César, março era o primeiro mês do ano na Roma Antiga... E, apesar de estarmos no Portugal de 2007, apetece-me desejar... Bom Ano! (e os 12 desejos também vêm incluidos).