terça-feira, 15 de setembro de 2009

Dos outros

No fim de contas parece que a exigência mais imperiosa inerente ao amor é a de nos levar a pedir aquilo que não nos pode ser oferecido senão espontaneamente. E isto produz exactamente o efeito contrário: destruir toda a espontaneidade do impulso.
Guglielmo Gulotta in Comédias e Dramas no Casamento

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

De mim

Nos últimos tempos, há entre mim e este blog uma dualidade crescente. Creio até, já ter falado sobre isso. Ou talvez não, não sei. Noutro dia, dei por mim, inclusive, a comparar este blog a uma relação. Passo a explicar. Lembro-me perfeitamente do dia em que decidi ter um blog. Foi precisamente no dia em que descobri a blogosfera, toda ela virtudes e sem defeitos assumidos. Assim pensava, no início. Tal como acontece quando nos apaixonamos. A visão fica toldada, selectiva, talvez. Damos o melhor de nós, investimos sem qualquer esforço, num gesto que nos parece o mais natural. Lembro-me do gozo que me dava escrever aqui as primeiras palavras, as primeiras frases. Lembro-me de ir em busca de outros, que como eu, partilhavam desta mesma vontade, desta mesma descoberta. Lembro-me de descobrir que se podiam conhecer pessoas sem as conhecer. Outras ideias, outras perspectivas, outros gostos, outras vidas. Aos poucos fui espaçando as palavras escritas. A emoção inicial foi diminuindo, sendo substituída por outros afazeres que se mostravam primordiais. Muitas vezes, mais não era que uma desculpa encontrada por mim. As palavras iam espaçando porque a vontade não era suficiente. Tal como numa relação. Aos poucos vamos desinvestindo à medida que a novidade se torna o habitual e conhecido. Mas quando as relações são verdadeiramente relações, isto de um ponto de vista estritamente pessoal, existem sempre momentos em que apetece fazer algo que as possa revitalizar. Tal como agora. Tal como aqui. Deixei de comentar nos blogues que lia, que leio. Não porque goste menos, apenas porque optei por fazê-lo. O resultado não se fez esperar. Igualmente deixei de ter aqueles comentários que me iam acompanhando. Tal como na vida, tal como nas relações. Tendencialmente, se deixamos de dar deixamos também de receber. Felizmente que observo nas estatísticas que também tenho, pois este não deixa de ser, também ele, um exercício narcísico, que não fui "abandonada". Contra todas as expectativas, constato que há, quem ainda tenha esperança no futuro deste espaço. E, de momento, tal como na (minha) vida, tal como nas (minhas) relações, basta-me.