quinta-feira, 15 de maio de 2008

Da vida

Não há lugar algum na Terra onde a morte não nos possa encontrar, mesmo que contorçamos as nossas cabeças em todas as direcções como se estivéssemos num território dúbio e suspeito... Se existisse uma maneira de nos protegermos dos golpes da morte, não sou homem para recuar perante ela. Todavia, é uma loucura pensar que possamos vencê-la. Os homens vão e vêm, correm e dançam, e nunca pronunciam uma palavra a respeito da morte. (...) Para privarmos a morte da maior vantagem que detém sobre nós devemos começar por adoptar um caminho completamente oposto ao habitual. Retiremos-lhe toda a sua estranheza, frequentemo-la, habituemos-nos a ela e façamos com que seja o pensamento mais constante nas nossas cabeças... Não sabemos onde nos espera e, portanto, esperemos por ela em todo o lado. Praticar a morte é exercer a liberdade. Um homem que aprendeu como morrer, aprendeu a não ser escravo."
in The essays of Michel Montaigne, 1991
Confesso que ainda estou a digerir esta variante de pensamento, mas como sou apologista da contribuição das diferenças de outros... No entanto, não posso deixar de dizer que acho que são precisamente as diferenças, e os pensamentos opostos ou não concordantes, entre outros, que nos permitem ir mais além. A verdade absoluta, a razão absoluta, pura e simplesmente deixar-nos-ia paralisados e encerrados em nós próprios. Digo eu... que não contenho mais verdade ou razão do que quem por aqui passa.

4 comentários:

scaramouche disse...

Parabéns pelas palavras que inspiram os leitores a ... voltar e sair dele com algo especial.

scaramouche.

Anónimo disse...

Olá Colega!
Há tempo que não te deixava uma mensagem mas não deixei de te "visitar", pelo contrário.

De facto é uma opinião diferente, por isso mesmo é-me dificil de digerir. Não deixa de ser interessante por isso!

Beijinhos!

Teresa disse...

Olá Inês,
A forma como encaramos (ou não) a morte pode ter uma influência muito grande na forma como encaramos a vida. Deixo a qui um texto de Henry Scott Holland verdadeiramente inspirador...

"Death

I am standing on the seashore.
A ship spreads her white sails to the morning breeze and starts for the ocean.
I stand watching her until she fades on the horizon,
and someone at my side says,
"She is gone".

Gone where?

The loss of sight is in me, not in her.
Just at the moment when someone says,
"She is gone,"
there are others who are watching her coming.
Other voices take up the glad shout,
"Here she comes,"
and that is dying."

...alguns poderão dizer:
- "É apenas poesia."
Eu respondo:
- "E porque não?"

maria inês disse...

Obrigada scaramouche!

Não é consensual pois não colega?;)e ainda bem...

Teresa gostei imenso!