segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Da vida

Hoje no metro ia um jovem com uma perturbação (grave) do espectro do autismo. Ia acompanhado por aquele que tomei como sendo o pai. Não sei se seria ou não. Durante os breves minutos que durou aquela viagem, e no meio do entre e sai de pessoas, eram muitos os olhares de espanto, de incredulidade, e atrever-me-ia até a dizer preconceituosos (mas se calhar sou eu e os meus "pré-conceitos"). A diferença é, de facto, para a maioria, perturbadora. Assustadora até, talvez. Aquele jovem transportava consigo uma diferença visível aos olhos de qualquer um. Mas o que me causou espanto foram os olhares que lhe eram lançados.
São situações como estas que confirma o que já sei. Muito há a ser feito na luta contra a discriminação. Particularmente numa área que me é tão querida, como a saúde mental. Não será, pois, por acaso, que ainda existam muitas pessoas, cuja "diferença" mesmo não sendo tão visível como a daquele jovem, é suficiente para as deixar isoladas, sozinhas com as suas dores não visíveis.
E assim vamos andando.

6 comentários:

Alexa disse...

Este teu post tocou-me muito, Inês, na medida em que numa área completamente diferente da tua, também, eu diariamente tento lutar contra a discriminação vivida contra todos aqueles que chegam ao nosso país em busca de uma vida melhor.
Pena que ainda haja tanto a fazer pela mudança de mentalidades neste nosso país!

gralha disse...

É uma realidade que me toca muito já que tenho três familiares com autismo/ síndrome de Asperger e às vezes até tenho a sensação que as pessoas lidam pior com isso do que com uma deficiência motora. Acho que nem é tanto o preconceito, é mesmo só o desconhecimento e a incapacidade de lidar com isso.

mir disse...

Fazem-me pena as pessoas assim: as que descriminam!
Mas não evito lançar-lhes a elas os olhares que lançam aos outros, mesmo que seja uma gota de água no oceano.

Há tanto, tanto a fazer durante tanto, tanto tempo...

maria inês disse...

Num comentário para as três, Alexa, gralha e mir, vejo que pelos menos já somos 4 a pensar de forma diferente:) E isso já produz alguma diferença. Pelo menos quero acreditar que sim.
bj grande

spring disse...

Olá Inês!
A discriminaçâo no nosso país é cada vez maior e não tem nada a ver com as gerações. O que sentimos cada vez mais é a existência de um egoísmo atroz que se vai difundindo a uma velocidade inacreditável. E ser-se diferente ou fugir à normalidade instituída,(por razões sociais ou de saúde) transforma-nos de imediato em marginais. Mas pior ainda´são aqueles que andam sempre com o politicamente correcto na ponta da língua, mas quando a dura realidade lhes bate à porta, são os primeiros a partir para outras paragens.
Beijinhos
Rui Luis Lima

magarça disse...

Gostei imenso do teu post. Na infância convivi com uma criança com uma grave deficiência e talvez por isso estranhe tanto a segregação que existe na nossa sociedade. mtos bjs